06 setembro 2014

Sobre se amar!

Quando eu comecei a ter uma noção sobre vaidade eu estava com 12 a 13 anos, até então eu brincava com bonecas sem me importar com os comentários maldosos a respeito disso, eu costumava me olhar no espelho e me odiar. Odiava o fato do meu nariz ser maior que o resto do meu rosto, das minhas sobrancelhas serem muito grossas, meus lábios serem imperceptivelmente desproporcionais, meu cabelo ser crespo, odiava a cor da minha pele, e odiava meu corpo.
Mas só comecei a me odiar depois de fazer amizades com garotas que eu considerava de uma beleza aceitável na nossa sociedade, ou seja, brancas, cabelos lisos e nariz pequeno, eu costumava sentar em frente ao espelho depois de chegar da escola, com uma escova na mão, e chorava enquanto penteava meus cachos de maneira que se desmanchassem até ficarem totalmente retos, mas não ficavam lisos, apenas sem modelagem e muito armado, foi nessa mesma época que eu comecei a fazer aulas de karate e tentar carreira de modelo, treinava 6 vezes por semana, e visitava agências que só queriam arrancar dinheiro dos meu pais, ou que falavam que eu não tinha altura ou o corpo legal, comecei naquela neura de achar que estava gorda e parei de comer, mal pesava 40 kilos, vivia desmaiando no meio dos treinos de karate, não cheguei a ter nenhum distúrbio como a bulimia ou anorexia, porque minha mãe percebeu antes que fosse tarde demais, mas cheguei muito perto mesmo.
Aos 18 anos eu pesava 48 kilos, nessa idade eu estava aprendendo a me aceitar, um ano antes eu havia conhecido o meu marido, e estávamos namorando, ele me ajudou muito a reconstruir minha auto-estima, mas a maior parte dela eu reconstruí sozinha, comecei a fazer pesquisas, descobri que eu não precisava ser socialmente aceita para me sentir bem, descobri como usar meu cabelo, amar minhas raízes africana, indígena e nordestina, me apaixonei pela culinária e aprendi a comer bem, sim engordei um pouco mais de 40 kilos, no inicio não me dava bem com aquele novo corpo que foi do número 38 para o 44, mas depois fui me acostumando, fiz as pazes com o espelho e aprendi a amar aquelas curvas novas do meu corpo, por questão de saúde tive que perder alguns daqueles kilos, mas continuo com minhas curvas que tanto amo, aprendi a apreciar o que eu mais odiava em mim, hoje olho no espelho e fico admirada com o formato dos meus olhos e o pequeno lado desproporcional do meu lábio que me faz única, amo meus cachos revoltados, quando mais armado mais feliz eu fico, amo maquiagem, mas não me faço escrava dela, adoro meu rosto limpo, não estou sendo pretensiosa nem nada do tipo, não me julguem por me amar, acontece que demorei tempo demais para descobrir que sou linda e agora nada vai me fazer mudar de ideia.


2 comentários:

  1. Oie Minha linda =).
    Sei bem como é não se amar e nãos e aceitar. Passei por isso na minha adolescência inteira, por estar acima do peso, com seios grandes, usando aparelho e colete para correção. Não foi uma época nada fácil, onde adolescente não perdem a chance de dizer, peituda, cavaleira da rainha.
    Hoje, graças ao meu namorado, que me ajuda a me enxergar com os melhores angulos, estou fazendo academia pela minha saúde, e não para ficar malhada. Aprendi a valorizar meu rosto, meus olhos e boca, também sem ficar escrava da maquiagem.
    Foi lindo ler seu texto, me indentifiquei com n situações. Obrigada por compartilhar, vamos sempre nos ajudar. Beijos lindona.
    http://sabrinaikeda.blogspot.com.br/

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    1. É tão bom entrar aqui no blog e ver sempre seus recados, me incentiva a continuar, saber que alguém se identifica com tudo que passei, é triste como os outros adolescentes podem ser cruéis, fico feliz por você ter compartilhado um pouco de sua história comigo, e pode contar sempre com minha ajuda, beijos flor <3

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