Havia uma menina linda que era muito amada pela mãe, todas as noites sua mãe lhe penteava os cabelos, um dia o pai ficou viúvo . A vizinha tanto fez para agradar a criança que ela terminou implorando ao pai que casasse com a bondosa mulher. Desconfiado, o pai advertia a filha: Agora ela te dá mel; mais tarde te dará fel. Mas a menina implorou tanto que o homem aceitou o casamento.
O pai fazia viagens e deixava a menina entregue à madrasta, que logo botou as unhas de fora. Atrás da casa havia uma figueira, e ela obrigava a menina a tanger os passarinhos, para não picarem os frutos. Se um único figo aparecesse estragado, sobrevinha um castigo terrível. Até que um dia a madrasta resolveu desfazer-se da menina e a matou e enterrou-a num buraco. No lugar cresceu um enorme capinzal e quando um dia o irmão foi cortar o capim e ouviu uma canção:
Meu irmão,
não me corte o cabelo
minha mãe me penteava
minha madrasta me enterrou
pelo figo da figueira
que o passarinho bicou.
Xô passarinho da figueira de meu pai!
não me corte o cabelo
minha mãe me penteava
minha madrasta me enterrou
pelo figo da figueira
que o passarinho bicou.
Xô passarinho da figueira de meu pai!
Numa das raras vezes em que o pai se encontrava em casa e deu pela falta da filha, o irmão pediu que ele escutasse a estranha voz. Cavaram a terra e encontraram a menina muito fraquinha, mas ainda viva. O homem puniu a esposa cruel amarrando ela em um cavalo e tocando fogo nas partes intimas do pobre animal, dizem que o cavalo está correndo até hoje.
Eu amava essa história, acho ela meio macabra, como a garota morre e depois volta viva, e canta embaixo da terra, têm também a violência contra a mulher e a crueldade com os animais, mais foi assim que cresci ouvindo essas histórias doidas da minha avó, isso não definiu meu caráter e não me tornou uma pessoa violenta, só me traz maravilhosas lembranças e recordações dos poucos momentos que tive com minha avó, já faz uns dois meses que ela faleceu, não tenho muitos arrependimentos na minha vida, mais um dos poucos é de não ter ido vê-la quando tive a oportunidade, a última vez que a vi eu tinha uns 13 ou 14 anos, hoje estou com 24 anos, agora convivo com a dor da perda, mais estou feliz porque agora ela já não sofre mais, pois era triste saber que ela sentia dor, tento remediar a dor escrevendo em sua homenagem, mais claro que mesmo que eu escrevesse um livro sobre ela não diminuiria a culpa e dor que sinto, “Desculpe vó Mariquinha”
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