"Josielma Ramos"
Antes da meia-noite ela é uma menina,
Produzida para ser perfeita,
Feita sob medida,
Para ser a futura mulher ideal,
Mulher idealizada,
Mulher criada nos moldes
Transformada para ser o desejo de alguém.
Antes da meia-noite ela calça os sapatos,
Veste o vestido de baile,
E coloca a fita no cabelo,
Ela ainda é uma criança,
Tão pura e tão meiga,
Não sabe o que a espera atrás da porta.
Antes da meia-noite ela olha pela janela,
A lua está vermelha,
Algo estranho está para acontecer,
Ela olha no espelho,
E não reconhece a própria face,
Já não é mais a mesma de antes.
O Ponteiro do relógio marca a hora,
Já é meia-noite,
E o tempo não volta atrás,
Ela não tem para onde fugir,
Já não é aquela menina,
Tão simples e singela.
Ela se transformou em um furacão,
Sua boca se abriu em vulcão,
Não se calou diante de nenhuma injustiça,
Tornou-se dona de si,
E não queria aquele futuro planejado,
Tirou os sapatos e rasgou o vestido.
Descobriu um poder sobre si,
Descobriu a força emanar dela,
Correu pela noite afora,
Atrás da nova liberdade adquirida,
Não olharia para trás,
Não voltaria nunca mais.