"Josielma Ramos"
Menina fugiu!
Com medo de tudo, como medo daquele mundo, sem querer nada daquilo, sim ela fugiu! Pra não lavar louça, pra não lavar roupa, com medo de limpar a casa.
Queria ser mais que aquilo, e sempre dizia:
_Não nasci para isso, eu vou ser estrela, vou pra cidade grande, vou ser artista, quero ver meu nome brilhar.
Riam da menina, que cansada daquela situação, tomou uma decisão:
_Meu destino não é aqui, essa noite eu vou fugir.
Esperando todos dormirem, silenciosamente foi pegando tudo que achava que precisaria poucas roupas, o dinheiro que vinha guardando:
_Não vou levar meu celular.
Encheu a mochila e junto colocou o porta-retrato com a foto de seus pais, desceu devagarzinho cada degrau sem fazer nenhum barulho.
Assim que saiu pela porta, respirou o ar da madrugada, cheirava a tão esperada liberdade, ela sorria e chorava:
_agora não tem mais volta, vou atrás dos meus sonhos.
Dormiu no banco frio da rodoviária, esperando amanhecer, pensando:
_Logo cedo pego o primeiro ônibus que vai pra São Paulo.
Amanheceu e a menina acordou com o barulho do movimento do povo e a fumaça do ônibus em seu rosto, sua barriga roncou:
_Que fome! Mais ainda não posso gastar nenhum centavo, tenho que economizar pra quando chegar lá.
Arrependida de não ter passado na cozinha antes de fugir, ela foi sorrindo comprar a passagem para a sua liberdade, tinha apenas R$600,00 reais no bolso e a passagem custava R$350,00 pois São Paulo estava a dois dias de viagem.
Entrou no ônibus e pra sua surpresa um rapaz muito lindo sentou ao seu lado, estava bem vestido, ele sorriu pra ela que sentiu o rosto corar:
_Devo estar igual um pimentão, que vergonha_ Ela pensou.
Nos dois dias de viagem o rapaz se aproximou, ficaram amigos, ele foi doce e gentil, explicou que morava em Sampa e tinha ido viajar com uns amigos, mais teve que voltar mais cedo e não tinha conseguido passagem de avião em cima da hora:
_Ainda bem por que assim pude conhecer você_ Ele falou pra ela, que sentiu o rosto corar mais uma vez.
Ela nunca teve contato assim com nenhum outro rapaz, logo percebeu que estava encantada por ele:
_Será isso que chamam amor a primeira vista? Acho que estou amando.
Ao fim do segundo dia de viagem, ele a beijou, era o primeiro beijo dela:
_Ele sente o mesmo que eu_ Ela sorriu.
Ele entregou seu número de telefone pra ela, e disse que podia ligar quando quisesse, ela guardou o número no bolso da jaqueta, o papel bem dobradinho, e se colocou a caminhar, após o beijo de despedida.
_E agora pra onde eu vou?
Na presa de fugir de casa pra ser famosa não pensou bem por onde começaria, tinha gasto um pouco do dinheiro na parada da viagem, pois não havia como ficar dois dias sem comer, e agora só lhe restava R$190, 00 reais, não conhecia ninguém e estava só, pra onde ir, procurou uma Pensão, pagou por uma noite o que praticamente lhe custou mais da metade do que lhe tinha sobrado, mais era bom, pelo menos por uma noite teria uma cama pra dormir e um chuveiro quente, no dia seguinte daria um jeito de mudar sua vida para sempre.
Na manhã seguinte, acordou cedo tomou um banho, escovou os cabelos, vestiu a melhor roupa que havia trazido na mochila, ela sabia que era bonita, e conseguia tudo o que queria sempre, dessa vez não seria diferente.
Ao sair na rua percebendo que não tinha idéia de pra onde ir e sem dinheiro o suficiente para mais uma noite na pensão, decidiu usar o número que o rapaz lhe dado, ele atendeu o telefone e parecia feliz ao perceber que era ela, depois de lhe explicar tudo o que havia lhe acontecido ele disse:
_Na rua você não fica, vem pra minha casa, onde você está? Vou lhe buscar!
Ela feliz que agora teria ajuda de alguém, informou o local, duas horas depois ele apareceu no carro mais lindo que ela já tinha visto, entrou sorrindo e ele lhe disse:
_Você está linda.
Ela agradeceu com um beijo, ele a levou para sua casa, a menina ficou maravilhada, nunca havia visto uma casa tão linda e tão grande em sua vida, só na televisão.
_Uau! Cabe cinco casas ai dentro_ Ela disse fazendo ele rir.
Ao chegar na entrada o rapaz pegou a mochila dela e disse que mostraria o quarto onde poderia ficar, ela perguntou se seus pais não se importaria de a receber como hospede, mais ele disse que estavam viajando, e que antes deles voltarem lhe arranjaria um lugar para morar, mostrou o quarto e uma empregada chegou alguns minutos depois com uma bandeja muito bem feita de lanches e frutas.
A menina maravilhada com o lugar, tinha piscina, quadra de tênis, era um sonho , era a vida que ela queria, o que ela merecia, o lugar onde sempre deveria estar, mas o que ela não sabia é que a noite o rapaz receberia seus amigos, assim sendo quando a noite chegou os dois estavam sozinhos na sala, ele a beijou, ela sorriu, ele começou a despi-la, de inicio ela se recusou, mais aos poucos foi cedendo, ele falava palavras doces, tão lindas.
_Ele me ama_ Ela pensava
Foi se sentindo mais a vontade, se tinha que ter a sua primeira vez, por que não com a pessoa por quem estava apaixonada, deslumbrada.
Já estava totalmente despida, ele a beijava e a tocava, se sentia descontrolada, sentia um arrepio intenso com o corpo dele contra o seu, até que o sentiu entrando com violência, ela gemeu alto sentindo a dor que aos poucos foi ficando mais e mais gostosa, ela estava em êxtase, até que sentiu o corpo todo dele estremecer, depois ele se deitou ao seu lado a beijando, após alguns minutos ela subiu para tomar um banho, se vestiu, estava radiante, se sentia mulher, sabia que aquele era o homem da sua vida.
A campainha tocou no andar de baixo, ela ouviu vozes e em seguida passos em direção ao seu quarto, o rapaz entrou acompanhado de mais dois rapazes, ele os apresentou como seus melhores amigos, ela sorriu tentando ser simpática e se apresentou educadamente, logo após ele disse:
_São meus amigos deste criança, sempre dividimos tudo, e dessa vez não será diferente_ Ele disse enfiando a mão por dentro do decote de sua blusa, ela puxou a mão dele pedindo para parar.
_O que você está fazendo?
_Partilhando_ Ele respondeu e os amigos riram.
Eles se aproximaram dela, que tentou correr, mais foi inútil, pois tropeçou no tapete e caiu, arrancaram suas roupas, seguraram seus braços, ela tentou lutar, fechar as pernas, mais era impossível, três contra uma, mais fortes que ela, tentou chutá-los, morde-los, mais a seguraram, colocaram-na na cama, amarraram seus braços e pernas, e um de cada vez a abusou, de todas as formas inimagináveis e vulgares, ela chorava pedindo para que parassem, bateram nela, diziam coisas terríveis a chamaram de prostituta, depois de um tempo não tinha mais forças para lutar, não adiantava, por mais que tentasse só se machucava mais, já sentia algo morrendo dentro de si, quando terminaram, desamarram ela, que nem se moveu, o rapaz tão lindo, com aquela cara de anjo, por quem estava apaixonada, lhe olhou com certo desprezo e nojo e disse:
_Pega suas coisa e some daqui vadia, pensou mesmo que eu ia me apaixonar por você?_ Disse cuspindo na cara dela e saiu com os amigos atrás rindo.
Ela tirou forças de onde não tinha para se levantar, pois seu corpo todo doía, pegou sua mochila que estava jogada no canto, vestiu a primeira coisa que encontrou dentro dela mais se esqueceu dos sapatos, queria sair o mais rápido daquela casa, tentou sair sem ser vista, desceu as escadas, eles estavam jogando vídeo game como se nada tivesse acontecido.
Ela não sabia mais o que pensar o que tinha feito para merecer aquilo, que Deus cruel faria isso, tudo que ela queria apenas era ser rica, famosa e feliz, e tudo que tinha conseguido foi a humilhação, desprezo e violação de seu corpo, sentia vontade de morrer, saiu o mais rápido que seu corpo dolorido lhe permitia, sem rumo andou por algumas horas, seus pés estavam em carne viva, mais ela nem sentia mais a dor, pois perder a alma doía mais, havia sido enganada, sua felicidade, seus sonhos, seus planos haviam se esvaído como fumaça entre os dedos, seu mundo estava morto.
Não podia voltar para casa, pois estava sem dinheiro, e não podia ligar para os pais, pois o que diria a eles? Se voltasse todos iriam rir dela, iam chamá-la de tola, burra, que gente pobre não deveria sonhar,pois foi isso que ouviu a vida inteira, pois foi isso que a tinha obrigado a fugir, provar que podia sonhar sim, mais e agora? Tudo que sonhar lhe causou foi a sua perdição, chegou a uma ponte e lá se debruçou olhando as águas calmas que corriam lá embaixo:
_Queria que minha alma estivesse calma como essas águas!_ Ela pensou antes de subir na barra de proteção e pular.
Na manhã seguinte quando seu corpo foi achado, ela havia virado noticia em todos os jornais e na televisão, tinha conseguido em fim sua tão sonhada fama.