30 novembro 2012

Sobre Poemas e Poesias



DEFINIÇÃO DE POESIA
Poesia é a forma de expressão lingüística destinada a evocar sensações, impressões e emoções por meio da união de sons, ritmos e harmonias, utilizando-se vocábulos essencialmente metafóricos.
A poesia surgiu intimamente ligada à música. As poesias dos aedos gregos e trovadores medievais promoviam a união entre a letra do poema e o som. Ao longo dos anos, este vínculo foi se intensificando, mas houve uma distinção técnica entre a música (que passou a ser escrita em pautas) e a poesia que preservou a rítmica natural, e passou a ser construída por meios gramaticais. Posteriormente, a poesia ganhou fundamentos e regras próprias.

DIFERENÇAS ENTRE POEMA E POESIA
Existe alguma divergência entre o que significa Poema e Poesia. Para efeito geral, considera-se que são sinônimos; mas para a definição acadêmica, Poesia é o gênero de composição poética e Poema é a obra deste gênero.
Para que entendamos melhor, vejamos a definição de Poema segundo o eminente escritor, Assis Brasil:
POEMA é o “objeto” poético, o texto onde a poesia se realiza, é uma forma, como o soneto que tem dois quartetos e dois tercetos, ou quatorze versos juntos, como é conhecido o soneto inglês.
Um poema seria distinto de um texto ou estrofe. Quando essa nomenclatura definitiva é eliminada, passando um texto a ser apresentado em forma de linhas corridas, como usualmente se conhece a prosa, então se pode falar em poema-em-prosa, desde que tal texto (numa identificação sumária e mecânica) apresente um mundo mais “poético”, ou seja, mais expressivo, menos referente à realidade. A distinção se torna por vezes complexa. (…) a poesia pode estar presente quer no poema que é feito com certo número de versos, quer num texto em prosa, este adquirindo a qualidade poema-em-prosa“.
 POESIA, Assis Brasil define assim:
“(…) uma manifestação cultural, criativa, expressiva do homem. Não se trata de um ‘estado emotivo’, do deslumbre de um pôr-do-sol ou de uma dor-de-cotovelo; é muito mais do que isso, é uma forma de conhecimento intuitivo, nunca podendo ser confundido o termo poesia com outro correlato: O poema”. 

DEFINIÇÃO DE VERSO
Verso é cada uma das linhas de um poema. É a unidade rítmica da composição poética. Existem três qualificações de verso: VERSO AGUDO; VERSO GRAVE e VERSO ESDRÚXULO.

Verso Agudo 
é o que termina em palavra oxítona ou em monossílabo tônico. Exemplos: trenó, luz.
Verso Grave é o verso que termina em palavras paroxítonas. Exemplos: palavra, bonito, capote.
Verso Exdrúxulo é o verso que termina em palavras proparoxítonas. Exemplos: lépido, insípido, súbito, apátrida.

DEFINIÇÃO DE POEMETO
POEMETO é um poema curto. De poemetos, temos belos exemplos, como sejam: O Melro e O Fiel, de Guerra Junqueira, e Juca Mulato, de Menotti Del Picchia.

DEFINIÇÃO DE ELISÃO
ELISÃO é a fusão de duas ou mais vogais no mesmo verso, formando uma sílaba só. Exemplo: Dei-te amor (4 sílabas) = Dei-tea-mor (3 sílabas poéticas).

DEFINIÇÃO DE HIATO
HIATO é o encontro de duas vogais, em sílabas diferentes. Nas frases em que ele ocorre, as vogais não se fundem quando da leitura do verso. Exemplo: Está a falar.

O QUE É E COMO SE FAZ A CONTAGEM DAS SÍLABAS
Na tradição de nossa língua, a contagem de sílabas no verso difere da contagem gramatical das palavras na frase.
Enquanto nesta são consideradas todas as sílabas, no verso ela se processa como se fala, com a absorção de vogais pronunciadas. Em poesia não se contam:
- A última sílaba do verso grave. Exemplo: Na palavra membrana, não se conta a sílaba na;
- As duas últimas sílabas, no verso esdrúxulo. Exemplo: Na palavra prática, não se contam as sílabas ti-ca.

DEFINIÇÃO DE RIMA
Embora desconhecida na literatura antiga, a rima tornou-se – a partir do início da Idade Média – um elemento fundamental da lírica. Ela reforçava os aspectos sonoros e musicais dos versos, além de estabelecer algumas correspondências de sentido entre eles. A rima nasce de uma semelhança ou de uma igualdade de sons em dois ou mais versos: calor / amor; remédio / tédio; etc. Geralmente, ela se dá no final dos versos, de forma alternada (AB/AB), como nesta estrofe de um poema de Vinícius de Moraes:

Distante o meu amor, se me afigura (A)
O amor como um patético tormento (B)
Pensar nele é morrer de desventura (A)
Não pensar é matar meu pensamento. (B)

As rimas também podem aparecer duas a duas (AA/BB/CC), sendo conhecidas como rimas emparelhadas. Existe também as que ocorrem entre o primeiro e o quarto versos, o segundo e o terceiro (AB/BA), recebendo o nome de rimas entrelaçadas. Há também uma rima interior, quando uma ou mais palavras que coincidem sonoramente estão no interior do verso. Veja-se este exemplo de Fernando Pessoa:
E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Nos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos
Prantos de intentos, lentos, tantos
Que encantam os atentos ventos.

Durante o século XVIII, os autores do Arcadismo, em nome dos antigos clássicos, combateram duramente a rima na poesia. Instituiu-se então o verso branco, onde as semelhanças ou identidades de fonemas não apareciam. No século seguinte, a rima ressurgiu com força, em especial nos autores do Romantismo e do Parnasianismo. Já no século XX, ela quase desapareceu diante do verso livre (sem rima e sem métrica), utilizado pela maioria dos poetas contemporâneos.

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