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"Josielma Ramos"
Era vergonhoso ser negra,
Era humilhante nascer negra,
Apontavam e julgavam,
Ainda criança a ofendiam,
Olhavam esquisito,
De canto de olho,
Olhavam torto,
Será que vai me roubar?
A vida inteira repelida,
Impedida de lutar,
Teve que se casar,
Casar com um branco para seus filhos não passarem pela mesma humilhação,
Para a cor se misturar,
E assim por diante ate a negritude sumir nos traços de seus netos e bisnetos,
Mas casar-se com um branco?
Isso é, se o branco lhe quiser,
Sim porque as vezes o máximo que quer é a negra na sua cama,
De pernas abertas,
E boca fechada,
Aberta só se for pra gemer,
Mesmo que não seja de prazer,
Fetiche do branco,
Tesão do branco,
Quer a neguinha pra lhe chupar,
Pra sentar e lhe fazer gozar,
E pobre da neguinha se reclamar,
Tem é que agradecer,
Por um cara branco lhe querer,
Por ele querer trepar com você,
Agradeça o favor.
Era vergonhoso ser negra,
Mas ainda é humilhante ser negra!
Depender da pena dos outros?
Isso eu não aceito não,
Vergonhoso?
Vergonha tenho de ter nascido em um mundo que ainda nos segrega,
Nos chicoteia,
Nos ofende,
E nos mata,
Não é vergonhoso ser negra,
Se essa é a minha cor,
A cor que a deusa me deu,
A raça que ela escolheu,
Não é vergonhoso ser negra,
Vergonhoso é ser humano.
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