"Josielma Ramos"
Deslizava de mansinho pela noite afora,
Ninguém nunca a via,
Ninguém a seguia,
Sempre escapava,
Sempre fugia.
Seus cabelos escuros ficavam ocultos na fosca escuridão,
A cidade tão perto de seu abrigo,
E toda sexta transformada para dançar,
Conformada que a maldição nunca iria se quebrar,
E fora esse dia sua liberdade se esvaia.
Podia ser libertina,
Se divertir,
Se vingar,
Antes de ser banida,
Antes das cinco chegar.
Essa bela mulher transfigurada,
Comum,
Excitava quem olhava,
Seus cabelos volumosos caiam em uma cascata,
Por suas costas nuas.
Corpo esguio como de serpente,
Cobrindo sua nudez humana com roupas que não lhe pertenciam,
E se jogava na noite,
E seduzia homens,
E fazia vitimas.
Tornou-se cruel e sem coração, era fria e sem paixão,
Em busca de vingança,
Amaldiçoada por transgressão de um homem,
Hoje um fantasma sem cabeça,
Apenas sombra de seu passado.
Amaldiçoada sem nem poder elucidar,
Amaldiçoada por amar.
O tempo é efêmero,
Ela seduz com sua dança maligna,
Os leva para a floresta e no ápice do prazer faz sua vitima.
Serpente na grama,
triste e vazia,
Amaldiçoando a raça que a amaldiçoou um dia,
Serpente na grama com sua foice afiada,
Destruía seus medos e as cabeças cortava.